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Das gentilezas

[As mãos - Marco Coelho - olhares.com]
Desacelerar. É este o verbo preferido conjugado neste período de férias. A grande vantagem de continuar envolvida na vida acadêmica mesmo após o final da graduação, são as tão aguardadas férias. Julho possui outro ritmo. Não há os horários malucos que adentram a noite. Há a beleza da tranquilidade e a dádiva de observar um fim de tarde e suas cores.
E nestes dias, onde os ponteiros dos segundos avançam mais lentamente aos meus olhos, percebo, contudo, que a correria diária desgastou aos poucos nas pessoas uma beleza urbana delicadamente contida nas pequenas gentilezas. Não mais encontro pelo caminho aquele motorista que dá prioridade à travessia do pedestre, sem se lembrar que ao sair desta "casca motorizada" também o é. Onde será que foi esconder-se o pedestre que segurava gentilmente pela mão uma desconhecida e a ajudava a atravessar a rua? Ou aquele rapaz que ao avistar uma senhora subir no transporte coletivo sedia instantâneamente seu assento?
Os ouvidos não presenciam mais os costumeiros "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite" que iniciavam qualquer conversa, entre conhecidos ou não. Não há cumprimentos com tanta frequência entre vizinhos. Seja em elevadores do mesmo prédio ou moradores da mesma rua, a proximidade das casas parece não representar tanta coisa assim. Os olhos se entristecem ao ver tantas mãos jogando lixo por onde passam, estando a lixeira logo ali à frente. E claro, não posso esquecer dos "super-poderes" atribuídos aos varredores de rua que os tornam seres invisíveis, dia após dia.
Mas neste mesmo aglomerado urbano, que chamamos de cidade, repleto de tantas diferenças, há uma beleza tão pura capaz de contagiar adultos e carregar esperanças por aí. Talvez você já tenha ouvido falar. E o que torna a gentileza tão especial, é que ela só depende da ação, ou seja, depende apenas de você. Tão sutil e tão simples.
Pode surgir em outros vocabulários disfarçada de respeito, bom senso, delicadeza, elegância ou cortesia. Mas pode também ser representada por gestos ainda mais simples: um abraço, um sorriso, um aperto de mãos ou até um olhar esperançoso. A beleza está em perceber que o movimento é cíclico, gera sempre mais gentileza. Por se multiplicar rapidamente, há uma única precaução: comece devagar, pois como se fosse um espelho, toda ação retornará de alguma forma para você.
Sugestão: comece com um sorriso sincero!

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