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Eterna busca

Estes últimos dias revelaram-me uma eterna busca pela imensidão do meu próprio ser. Um vôo interno indispensável para seguir adiante. Mergulhei fundo, vasculhando cantos até então desconhecidos.
Enquanto todos foram viajar, colocar os pés na areia, sentir o mar e pular as famosas sete ondas, eu decidi ficar. Ficar e desfrutar uma única companhia - eu mesma! E este ficar não representou falta de movimento, muito pelo contrário, foi também uma grande viagem, delicada e cheia de descobertas...
Passei as últimas vésperas, tão celebradas mundo afora - Natal e Reveillon - sozinha, não pela ausência de convites. Há oito anos consecutivos, comemorei essas datas na praia, nem sempre tão sossegadas nesse período festivo. Estar longe de tudo e mais perto de mim, foi uma ótima opção. Encontrei não somente o silêncio, mas também meus sonhos, minhas palavras, minha música e minha alma. E a alegria desse encontro foi um belo presente de ano novo.
Todos estes momentos me trouxeram à tona muitas recordações. As alegrias, as tristezas, os tropeços e as conquistas. Nada foi deixado para trás. Tudo foi aprendizado. E adiante, encontrei esperanças antigas, mas também novas esperanças. Outros sonhos, anseios, desejos, mudanças, somados à vontade de realização e maior coragem. Sou a mesma, embora os pensamentos, os sentimentos e o olhar sejam outros. Simples, tranqüilos, objetivos, melhores!
Me descobri várias: a arquiteta, a professora, a estudante, a leitora e a fotógrafa. A amiga, a filha, a irmã, a neta, a prima, a cunhada, a dona do cachorro. A motorista, a que canta ao dirigir, a adoradora de carros vermelhos. A apaixonada por relógios, livros, havaianas e nada cor-de-rosa. A de óculos, de salto, de saia. Aquela que escuta diversas vezes a mesma música, adora flores amarelas e margaridas. A que tira mil fotos, olha as estrelas e se encanta com a lua crescente. A festeira, a caseira e a que foi sozinha ao cinema pela primeira vez. A que comemorou o ano novo com um vestido branco, espumante, chocolate e nenhum abraço. Aquela que inúmeras vezes assistiu ao mesmo filme e se divertiu com isso. A que ligou o rádio e dançou sozinha no quarto uma música especial. A que desejou que as mensagens de celular chegassem diretamente ao coração. E se emocionou com algumas letrinhas. Aquela que admirou o azul do céu e agradeceu por mais um lindo dia, mas que também adora um dia nublado. A que ouviu músicas e o som da chuva para dormir. A que desfilou de pijama pela casa, fez o almoço, o jantar e também limpou tudo. A que assistiu desenhos, leu livros, desenhou e se divertiu. A que olhou pela janela horas a fio, relembrando bons tempos. Aquela que espiou o relógio e pensou em alguém. A que "morou sozinha" por uns dias e adorou a idéia, mas também sentiu saudade. A viajante, a internauta e a escritora. A criança, a adolescente, a experiente. A profissional, a discreta e a divertida. A ansiosa, a tranqüila, a bem humorada. A corajosa, a frágil e a que se emociona. A moça alta, a conselheira e a que acredita. A sonhadora, a inteligente, a aprendiz. A delicada, a encantadora, a apaixonada e a nostálgica...
E, em meio a tantas, só estou precisando de companhia para encontrar uma: a mulher!

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