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Espera

Inquietudes e palavras de Cecília Meireles...
"Sala de espera
Uma roda dourada trinca o silêncio.
Trinca a tarde, debaixo do cristal.
Trinca o tempo, dentro da tarde.

E deixaram um cinzeiro vazio.

Ontem, o mês passado, há dez anos... (Agora
há outras nuvens;
temos outros olhos.)

Quem espera?
Qual delas espera, das inúmeras,
das que todos apontam,
das que nem eu conheço?

E há uma sala vazia.

Foi uma casa, foi uma rua, foi uma cidade inteira.
Foi o mundo todo,
lá onde era a vida.

A quem se espera?

Há os vivos,
há os mortos.
Mas quem pode chegar?
Quem chega, jamais?

Não, apenas batem os relógios.
Mas tudo está mesmo vazio."

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